terça-feira, 23 de setembro de 2008

ALVES REIS - Francisco Teixeira da Mota

UMA HISTÓRIA PORTUGUESA

É assim que Francisco Teixeira da Mota caracteriza este livro, e realmente gosto desta caracterização.

Desde pequeno que me lembro de ouvir falar em Alves Reis por ter sido o maior burlão que Portugal conheceu. Em tempos sei que houve uma série televisiva sobre o assunto mas não tive oportunidade de ver. Sabia que tinha a ver com falsificação de notas, mas não muito mais do que isso.

Quando vi este livro nas livrarias, suscitou-me logo vontade de o adquirir para poder explorar o tema. A verdade é que valeu a pena. O livro tem uma escrita acessível e cativante. A história é simplesmente apaixonante.

Alves Reis nasceu com vontade de vencer na vida, na verdadeira acepção da palavra. Para isso começa por conseguir um diploma, que o faz passar por engenheiro, passado por uma Universidade inglesa inexistente. Este terá sido o primeiro passo para atingir os seus objectivos. Com ele consegue ser destacado para Angola e trabalhar numa empresa de caminhos de ferro. Depressa começa a subir na empresa até que chegar ao topo num curto espaço de tempo. Com dinheiro da empresa, consegue comprar acções da própria empresa e colocá-las em seu nome. Isso leva-o a ser preso, mas a sua "boa estrela" ainda estava por aparecer.

Na cadeia teve tempo para pensar e acreditar que seria preciso fazer mais para atingir os níveis de riqueza que sempre ansiou. Foi então que se apercebeu que se conseguisse reunir determinadas condições, seria possível falsificar notas do Banco de Portugal.

A história é muito mais do que isto, mas a verdade é que conseguiu encomendar notas ao fabricante oficial do Banco de Portugal sem que este se apercebesse que estava a ser enganado.

Esta foi a nota falsificada e com elas, em pouco tempo, construiu um verdadeiro império. Como acabou? Está fácil de adivinhar, mas faço o convite para que leia este livro e o saboreie por si. Penso que vale mesmo a pena. Afinal esta é "uma história portuguesa" e aconteceu mesmo!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago


Dentro de alguns dias vai estrear no cinema o filme "Blindness" de um realizador brasileiro (Fernando Meirelles) inspirado nesta obra do nosso Prémio Nobel José Saramago. Motivado pela vontade de ver o filme e também por um bom conselho de o ler decidi embarcar nesta aventura.
Muitas foram as pessoas que sempre me disseram que ler Saramago é intragável. Que não há pachorra! Mas, cedo descobri que este pensamento deve ser como o da matemática: "qualquer miúdo antes de entrar na escola já diz que não gosta!" É o risco de acreditar em ideias pré-concebidas.
Foi uma escolha acertada, não tenho agora dúvidas em dizer! O livro é simplesmente fantástico. Sem dúvida um dos melhores que li até hoje.
Tudo acontece quando um individuo faz parar o trânsito porque cegou. Foi apenas o primeiro... Em pouco tempo todo o país fica às escuras, ou melhor dizendo às claras, já que esta é uma cegueira que deixa as pessoas a ver uma névoa branca. Quando toda a gente cega ao mesmo tempo é fácil perceber o caos em que a comunidade se torna. A luta pela sobrevivência faz agora mais sentido que nunca.
As descrições são maravilhosas e Saramago consegue com uma simplicidade impressionante fazer com que leitor se sinta no centro da acção. A certa altura fiquei com receio de chegar ao fim do livro e decepcionar-me com o final. Felizmente isso não aconteceu. Simplesmente adorei.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O Tempo dos Amores Perfeitos - Tiago Rebelo

Gostei bastante deste livro. Tem o poder de prender o leitor e fazer ansiar pelo fim. Comprei-o talvez por influência. Por uma boa influência poderei agora dizer. Tiago Rebelo era para mim um ilustre desconhecido. Agora posso dizer que foi bom conhecê-lo e que irei certamente repetir.

O Tempo dos Amores Perfeitos transporta-nos para Angola nos finais do século XIX, onde os portugueses tentam a todo o custo aumentar as áreas geográficas sobre as quais dominam. Muita luta, muito sangue. A coroa portuguesa enfrenta nesta altura enormes problemas no interior das suas colónias africanas.
O tenente Carlos Montanha (a personagem principal) é um herói de guerra destacado para Luanda. Leonor é a filha do senhor governador. Conhecem-se no barco que leva ambos para África. Quem poderia dizer que uma viagem conseguiria criar uma união tão forte!!

A descrição dos terrenos por desbravar, das paisagens e das gentes africanas é muito boa. O transporte para o local da acção parece real.
Esta obra tem por base as memórias de um antepassado do autor, que com elas fez um misto de fantasia e realidade. Quanto a mim só tenho mais uma coisa a dizer. Ainda bem que no nosso país os romancistas estão bem de saúde.