quarta-feira, 22 de abril de 2009

Aos Olhos de Deus - José Manuel Saraiva

Aos Olhos de Deus é um romance histórico, que nos leva ao reinado de D. Manuel (inicio do Séc. XVI). A embaixada mandada pelo ao Vaticano é aproveitada para ilustrar um belo romance entre a judia Raquel Aboab e o fidalgo da corte D. Diogo Pacheco.

Numa época em que Portugal se encontra no auge perante os olhos do mundo, dadas as descobertas a além-mar, um rei dado à ostentação, envia a Roma uma comitiva em seu nome para assim dar a conhecer ao representante máximo da Igreja, Sua Santidade o Papa Leão X, o poderio aparente de uma nação que aliada aos descobrimentos teria a missão de cristianizar o mundo desconhecido.


A comitiva é então enviada carregando uma enorme quantidade de presentes, com um valor imensurável, que tanta falta fazia à nossa nação. Destes faziam parte alguns animais selvagens (mais um elefante!!!), muito ouro, pedras preciosas, etc. A comitiva chefiada por Tristão da Cunha era constituída por alguns fidalgos, médicos, padres e outros perfazendo um número próximo das 300 pessoas.

A festa organizada em Roma, foi um evento nunca visto. A dimensão foi tal que nem mesmo a tomada de posse do Papa teria sido tão vistosa. Foi este o enquadramento que José Manuel Saraiva utilizou bastante bem para satirizar a corte portuguesa e ainda desvendar alguns dos seus segredos em paralelo com a análise feita ao Vaticano. Segundo o autor as coincidências não eram assim tão poucas!

Em paralelo a esta história de fundo está então uma bela história de amor, como disse,entre a judia Raquel Aboab e o fidalgo da corte D. Diogo Pacheco.

As causas da perseguição aos judeus é também explorada e quanto a mim muito bem integrada no seio da história.

No final temos um livro interessante, de leitura bastante fácil. Recomendo.

Págs. 249
Ref. ISBN: 978-989-555-364-8
Editora: Oficina do Livro

terça-feira, 14 de abril de 2009

A Viagem do Elefante - José Saramago

Pensei que esta viagem nunca mais acabava!!!

A Viagem do Elefante foi para mim uma desagradável surpresa. Não sei se elevei demasiado a fasquia quando li o "Ensaio Sobre a Cegueira", o qual considero um dos melhores, senão o melhor livro que já li. Porém quero acreditar que não. Prefiro acreditar que Saramago não é este escritor do Elefante mas sim esse do Ensaio.

Diria que a história é fraca! Mas não será demasiada pretensão minha avaliar assim a obra de um Nobel? Bom, na verdade este é o meu blog e foi para exprimir a minha opinião sobre o que leio que o criei. Assim sendo aqui vai ela e como sempre, vale o que vale por ser sincera.

Tudo começa quando o rei D. João III se lembra que a prenda de casamento que deu algum tempo antes ao seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, não terá sido tão boa como deveria. Para colmatar essa falha nada melhor do que oferecer um elefante indiano que está em Lisboa há já algum tempo e cuja única coisa que faz é comer, e muito!

É a então a viagem deste animal entre Lisboa e Áustria que é relatada neste livro. Penso que o relato feito se divide em dois estilos completamente diferentes, que podem eventualmente ser diferentes estados de espírito do autor, já que como é sabido esta obra foi escrita em condições de saúde bastante debilitadas.

Diria então que a primeira parte do livro será a viagem até Valhadolid e a segunda parte, a ligação até Viena. Na primeira parte é dado ênfase à descrição da viagem como todos os seus pormenores, sendo que na segunda parte se verifica uma maior tendência para a sátira e para a ironia.

O ateu confessado que é José Saramago deixa-se perceber perfeitamente na segunda parte do livro, com um olhar bastante interessante sobre a condição humana. Apesar de não concordar na integra com este olhar, foi ainda assim a parte do livro que mais gostei.

Do elefante propriamente dito a melhor palavra que encontro vem do inglês: "boring"!!!

Págs. 258
Ref. ISBN: 978-972-21-2017-3
Editora: Editorial Caminho

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Façam o Favor de Ser Felizes - João Carlos Silva

É com todo o carinho, conforme diria João Carlos Silva que o livro: "Façam o Favor de Ser Felizes!" aparece no meu blogue.
Talvez não tivesse comprado se não tivesse simpatizado com o programa da RTP em que este autor era protagonista. Mas o impulso principal deve-se ao facto de brevemente ir de férias para São Tomé. Alguns dos dias inclusive para a roça do próprio João Carlos Silva.
Este livro é sem dúvida um excelente aperitivo, ou não fosse ele em parte um livro de belas receitas tradicionais São Tomenses.
Claro que a vontade de ir já era enorme antes de ler o livro, mas agora com certeza é ainda maior.
Recomendo vivamente para quem gosta do género. É cheio de amor e no final pouco mais de uma hora é suficiente para o ler.
Já agora: "Façam o Favor de Ser Felizes!"

Págs. 163
Ref. ISBN: 989-555-253-5
Editora: Oficina do Livro

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A Filha do Capitão - José Rodrigues dos Santos

A Filha do Capitão é um romance que curiosamente me soube bastante bem ler a seguir ao "Homem da Carbonária". Isto porque a história é contemporânea e está apresentada num contexto diferente mas com muitas coisas em comum.

Afonso Brandão nasceu em Rio Maior, numa família humilde. Agnès Chevallier nasceu em Lille, numa família abastada.

Afonso viu a sua dominada pela vontade de uma senhora que lhe queria fazer "bem". Agnès correu atrás de um sonho; ser médica.

Mas a primeira grande guerra começou, Agnès ficou retida em França e perdeu contacto com a família. Afonso, ou melhor, Capitão Afonso Brandão foi destacado com as tropas portuguesas, ao comando de uma Brigada do Minho, nas trincheiras da Flandres.

Foi aí que por mero acaso do destino se conheceram, se apaixonaram e viveram um amor difícil. Arduamente testado dadas as contingências da época e do local onde se encontravam, nem por isso se afastaram e viveram um romance impossível.

Para saber quem é a "Filha do Capitão" é mesmo preciso ler o livro, e até ao fim!

José Rodrigues dos Santos faz uma descrição muito exaustiva, mas no meu ponto de vista interessante da guerra em particular da participação portuguesa. Somos levados a concluir que afinal Portugal não anda à deriva apenas agora, mas que também andava no inicio do século.

Fica a pergunta: Será que sempre andou???

Recomendo vivamente a leitura desta obra para quem gostar de romances, mas que não se canse de ler os pormenores da guerra e das linhas da frente. Eu gostei!

Págs. 629
Ref. ISBN: 978-972-662-994-8
Editora: Gradiva