sábado, 30 de janeiro de 2010

A Corte do Norte - Agustina Bessa-Luís

Não vou começar esta crítica como normalmente faço falando do romance em si. As minhas primeiras palavras são para a edição. A encadernação e todo o aspecto gráfico é para mim sublime. A simplicidade e harmonia dos materiais e cores usados são prova de que para se obter um excelente resultado final, não é preciso inventar muito. Poderá haver leitores a quem não interessa o aspecto, focalizando-se mais no conteúdo. Claro que sem conteúdo não há obra, porém se o bom conteúdo e o bom aspecto poderem andar de mão dada, porque não?

Falando agora de “A Corte do Norte” e da minha primeira incursão pelas obras de Agustina devo dizer que eis mais um caso de pura qualidade literária. Agustina tem simplesmente uma das melhores escritas que tive o prazer de ler até hoje. Todas as suas frases possuem uma simbologia, como se quisessem dizer mais do que lá está. O recurso ao aforismo está patente em toda a obra de uma forma difícil de descrever mas muito agradável de ler.

A Corte do Norte relata a história de vida de Rosalina de Sousa, uma madeirense que foi baronesa de Madalena do Mar. A forma como é contado este romance é também muito sui generis uma vez que a vida de Rosalina vai sendo desvendada ao longo de várias gerações que lhe seguiram.

Rosalina vivera na Madeira, em sítios variados, com destaque especial para Ponta Delgada, povoação onde naquele tempo muita gente distinta ia passar férias, ficando por isso conhecida como a Corte do Norte. A determinada altura Rosalina desapareceu. Muitos pensam que terá caído ou se terá atirado duma falésia, outros pensam que morreu de doença. O que muitos não sabiam era que iam passar tantas gerações sem saber o que na realidade terá acontecido.

Como é normal nas minhas críticas, não revelo o que aconteceu. Mas digo que vale muito a pena ler este livro. Fiquei rendido à qualidade da escrita desta senhora. Devo no entanto advertir que, no meu caso, só conseguia ler em quase silêncio total. A minúcia da escrita é grande e requer atenção. A mesma personagem pode mudar de nome várias vezes.

Asseguro que vale a pena!

Por último dizer apenas que há bem pouco tempo sei que foi feito um filme português, realizado por João Botelho, que foi baseado nesta obra. Após várias pesquisas, ainda não o consegui encontrar. Por isso, se alguma alma caridosa mo quiser facultar, ficaria muito grato!! :)


Págs. 259
Ref. ISBN: 978-972-665-529-9
Editora: Guimarães Editores

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O Primo Basílio - Eça de Queirós


Tal como um marinheiro que, após alguns meses no mar, sente vontade de voltar a casa também eu, após ler alguns livros, sinto necessidade de voltar a ler Eça.
A simplicidade da escrita, a verdade das descrições, a forma como é apresentado o enredo, tornam as suas obras ímpares.

O Primo Basílio não foge à regra. Narra a história da jovem Luísa. Pertencente à classe média-alta lisboeta, é casada com um engenheiro de minas, Carlos, que por obrigações profissionais se vê obrigado a viajar durante uma temporada para o Alentejo.

É neste período que, um primo (Basílio) de Luísa, outrora seu pretendente regressa a Portugal após alguns anos no estrangeiro. Aproveitando as fragilidades causadas pela separação entre Luísa e Carlos, Basílio não perde a oportunidade de se introduzir em casa da prima de a seduzir.

Estão assim lançados os dados para uma história de amor proíbido, como só Eça sabe fazer.

Não diria que foi o melhor livro de Eça que li. Claramente não o foi. Porém à imagem dos outros foi um livro muito agradável de ler e que naturalmente recomendo.

Págs. 451
Ref. ISBN: 972-42-0669-6
Editora: Círculo de Leitores