terça-feira, 21 de agosto de 2012

Passatempo A Arca

Agosto significa férias, mas para o Conspiração das Letras significa também o regresso aos passatempos. Temos para vos oferecer, em parceria com a Civilização Editora, a mais recente obra da bestseller Victoria Hislop, intitulada A Arca. 

As participações são aceites até ao final de 30 de Agosto de 2012.

Para poder ser vencedor deste passatempo terá de ser seguidor activo do blogue Conspiração das Letras. Caso ainda não seja, poderá fazê-lo na caixa de "Seguidores da Conspiração" existente na Página Inicial.

As participações estão limitadas a uma por pessoa e, dadas questões relacionadas com o envio do prémio, só aceitamos participações de residentes em Portugal.

Sinopse:
Tessalonica, 1917. No dia em que Dimitri Komninos nasce, um incêndio devastador varre a próspera cidade grega, onde cristãos, judeus e muçulmanos vivem lado a lado. Cinco anos mais tarde, a casa de Katerina Sarafoglou na Ásia Menor é destruída pelo exército turco. No meio do caos, Katerina perde a mãe e embarca para um destino desconhecido na Grécia. Não tarda muito para que a sua vida se entrelace com a de Dimitri e com a história da própria cidade, enquanto guerras, medos e perseguições começam a dividir o seu povo. Tessalonica, 2007. Um jovem anglo-grego ouve a história de vida dos seus avós e, pela primeira vez, apercebe-se de que tem uma decisão a tomar. Durante muitas décadas, os seus avós foram os guardiões das memórias e dos tesouros das pessoas que foram forçadas a abandonar a cidade. Será que está na altura de ele assumir esse papel e fazer daquela cidade a sua casa?

Boa sorte!


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Cairo Novo – Naguib Mahfouz

Quando escolhemos uma obra para ler, um autor que já tenha vencido o Prémio Nobel da Literatura pode ser um bom presságio, mas não é condição suficiente para que nos identifiquemos com ele ou para que venhamos a gostar da sua obra.

Naguib Mahfouz por ter sido, até hoje, o único autor de língua árabe galardoado com este prémio, suscitava-me alguma curiosidade. Escolhi “O Cairo Novo” para me introduzir na sua escrita. A escolha não obedeceu a nenhum critério ou aconselhamento, foi feita completamente às escuras. Na verdade, nunca tinha lido nada sobre o autor ou sobre o seu trabalho, por isso estava longe de imaginar se teria êxito nesta escolha. 

Correu bem. Que agradável foi esta viagem ao Cairo dos anos 30. Uma sociedade onde as diferenças sociais são extremamente acentuadas, o que faz com que a classe média seja praticamente inexistente. O país vive uma época difícil marcado por revisões da constituição, no entanto começam a dar-se os primeiros passos de proximidade à cultura europeia. Exemplo disso mesmo é o facto de as mulheres passarem a ter acesso às universidades ou tão somente poderem ir ao cinema. Pequenos passos, mas que numa sociedade tipicamente conservadora atingem proporções muito significativas.

Neste Egipto é difícil para um jovem sem estudos, de família humilde, conseguir um bom emprego. Até mesmo um bacharelato pode ser insuficiente. O sonho é comum, conseguir a licenciatura e garantir um lugar como funcionário público, pois só assim se consegue atingir a estabilidade pretendida. Magoub Abdel Dayim encaixa-se perfeitamente neste perfil.  A custo do sacrifício dos pais, Magoub estuda numa universidade do Cairo. O pouco dinheiro que recebe vai dando para viver e pagar as despesas que tem com os estudos. Os problemas começam quando a apenas quatro meses de terminar a licenciatura, o pai de Magoub adoece e deixa de lhe poder enviar a quantidade de dinheiro habitual.

O dia-a-dia passa a ser difícil. Ter nascido numa família pobre é algo que nunca aceitou e por isso mesmo sente vergonha e repulsa. A consequência é um sentimento profundo de inferioridade perante todos, incluindo os amigos mais chegados: Mamoun Radwan, Ali Taha e Ahmed Bider. Na realidade trata-se de uma pessoa sem princípios morais, que apenas se interessa por si próprio. Assim, vive uma vida de aparências tentando mostrar aquilo que não é.

Apesar das dificuldades, Magoub acaba por conseguir a tão desejada licenciatura, porém os verdadeiros problemas ainda estavam por vir. Cedo se apercebe que apenas consegue arranjar emprego quem tem bons conhecimentos. Magoub não tem esses conhecimentos, resta-lhe apenas entrar num esquema, muito pouco convencional, para obter o seu emprego. É precisamente a partir daqui que me apaixonei por esta obra. Poderia contar do que consta este esquema sem desvendar o final do livro, mas penso que se perderia a magia da descoberta e vale mesmo a pena descobrir.

Recomendo vivamente a leitura deste Cairo Novo. Se, durante a leitura fecharmos os olhos por momentos, parece que somos transportados para uma obra de Fiódor Dostoiévski. A forma como Naguib Mahfouz nos transmite os sentimentos de ódio e repugnância de Magoub por quem o rodeia, incluindo pelos seus pais, faz lembrar um pouco de Raskólnikov.

Em alguns aspetos fez ainda lembrar-me um outro Nobel, Orhan Pamuk. A forma como uma escrita simples pode ser apaixonante é o denominador comum entre ambos.

Penso que não restam dúvidas, mas ainda assim para que fique registado: gostei e recomendo.

Págs. 232
Ref. ISBN: 978-972-26-3062-7
Editora: Civilização Editora