Aconteceu magia na Feira do Livro de Lisboa. Algo que ainda hoje tenho dificuldade de explicar ou até mesmo de perceber. Quando passeava no recinto do grupo Leya em busca de novidades, vi uma fila enorme para autógrafos. Surpresa das surpresas, era António Lobo Antunes. Não resisti e apesar de saber que teria um largo tempo de espera à minha frente, fui escolher um livro ao calha para, também eu, garantir o meu autógrafo. Foram talvez cinco minutos apenas, mas asseguro que foram muito intensos... Uma experiência que gostaria de repetir...
Escolhi Ontem Não te Vi em Babilónia. Porquê? Não sei, havia algo que me dizia que deveria ser este o primeiro. Sinceramente não sei se fiz uma boa escolha. O próprio António Lobo Antunes me questionou se era o primeiro livro dele que iria ler. Quando lhe respondi que sim, falou-me um pouco do enredo e alertou-me que iria ser difícil de ler, mas que valeria a pena pois no final iria perceber. Será que percebi? Quero acreditar que sim, mas do que tenho a certeza é que serviu para me apaixonar pela sua escrita.
Sobre o título, Ontem não te vi em Babilónia, li algures que o autor disse que também poderia ser Ontem Não Te Vi No Corte Inglês ou tão-somente Ontem Não Te Vi. De facto não poderia estar mais de acordo, mas a magia de António Lobo Antunes também passa pela forma superior como baptiza as suas obras. Nunca vi outro autor com tamanha capacidade de escolher os títulos.
Numa noite de insónias, várias pessoas com medo de falar, relatam o seu ontem. Entre a meia-noite e as cinco da manhã cada uma delas dá o seu testemunho, mente, inventa, mostra os reflexos de uma sociedade, mostra um pouco do autor. Verdadeiros quebra-cabeças que teimam em atormentar quem apenas quer esquecer o passado.
Ana Emília quer esquecer a morte da filha, um suicídio quando tinha apenas 15 anos. Alice, outrora enfermeira, quer esquecer a infância, mas quer também esquecer o presente. Quer esquecer Osvaldo, o seu marido, tuberculoso, que dorme no quarto ao lado. Não dorme, está também acordado, também ele querendo esquecer a morte da mãe quando era ainda uma criança.
A noite vai avançando e vão-se descobrindo laços que ligam intimamente as personagens. Como num bailado de andorinhas que procuram o ninho sem caminho certo, também a cabeça do leitor procura o fio condutor que permite atingir o final do livro. Aí também nós passamos por uma insónia, por um pesadelo.
No meu caso o “pesadelo” foi ler pela primeira vez este mestre. Parece que se institucionalizou que António Lobo Antunes é imperceptível e apenas para sobredotados. Talvez de facto eu ainda não estivesse preparado. Se achei confuso? Difícil? Provavelmente, mas tenho a certeza que vou repetir.
Escolhi Ontem Não te Vi em Babilónia. Porquê? Não sei, havia algo que me dizia que deveria ser este o primeiro. Sinceramente não sei se fiz uma boa escolha. O próprio António Lobo Antunes me questionou se era o primeiro livro dele que iria ler. Quando lhe respondi que sim, falou-me um pouco do enredo e alertou-me que iria ser difícil de ler, mas que valeria a pena pois no final iria perceber. Será que percebi? Quero acreditar que sim, mas do que tenho a certeza é que serviu para me apaixonar pela sua escrita.
Sobre o título, Ontem não te vi em Babilónia, li algures que o autor disse que também poderia ser Ontem Não Te Vi No Corte Inglês ou tão-somente Ontem Não Te Vi. De facto não poderia estar mais de acordo, mas a magia de António Lobo Antunes também passa pela forma superior como baptiza as suas obras. Nunca vi outro autor com tamanha capacidade de escolher os títulos.
Numa noite de insónias, várias pessoas com medo de falar, relatam o seu ontem. Entre a meia-noite e as cinco da manhã cada uma delas dá o seu testemunho, mente, inventa, mostra os reflexos de uma sociedade, mostra um pouco do autor. Verdadeiros quebra-cabeças que teimam em atormentar quem apenas quer esquecer o passado.
Ana Emília quer esquecer a morte da filha, um suicídio quando tinha apenas 15 anos. Alice, outrora enfermeira, quer esquecer a infância, mas quer também esquecer o presente. Quer esquecer Osvaldo, o seu marido, tuberculoso, que dorme no quarto ao lado. Não dorme, está também acordado, também ele querendo esquecer a morte da mãe quando era ainda uma criança.
A noite vai avançando e vão-se descobrindo laços que ligam intimamente as personagens. Como num bailado de andorinhas que procuram o ninho sem caminho certo, também a cabeça do leitor procura o fio condutor que permite atingir o final do livro. Aí também nós passamos por uma insónia, por um pesadelo.
No meu caso o “pesadelo” foi ler pela primeira vez este mestre. Parece que se institucionalizou que António Lobo Antunes é imperceptível e apenas para sobredotados. Talvez de facto eu ainda não estivesse preparado. Se achei confuso? Difícil? Provavelmente, mas tenho a certeza que vou repetir.
Págs. 488
Ref. ISBN: 978-972-203-051-9
Editora: Publicações Dom Quixote
Post revisto em 14-08-2012
4 comentários:
Tenho este livro à espera, na estante, praticamente desde que saiu. Comprei-o porque tinha lido Não entres tão depressa nessa noite escura e tinha gostado, mas é muito grande para ler nos transportes e tem ficado para trás...
Gosto sobretudo do desafio que a escrita do ALA nos lança...
É como dizes, chega-se ao fim sem a certeza de ter percebido tudo mas com o prazer de se ter conseguido desbravar caminho e tirado algum sentido da história.
António Lobo Antunes exerce sobre mim um fascínio difícil de explicar...
Ainda assim não é um autor que eu recomende quando alguém me pede sugestões... Acho que merece ser descoberto!
Só assim faz sentido.
ONTEM NÃO TE VI EM BABILÓNIA.É um livro que nunca deveria ter sido editado.É resultado de um mau momento do autor, que em nada o dignifica.Falta capacidade de avaliação tanto ao autor como ao editor.Comprei o livro e tentei le-lo várias vezes mas nunca consegui,procurei opiniões que foram unânimes.
MARIA não concordo consigo. Acho o livro bastante interessante e cheio de conteúdo.
Bem sei que um pai nunca fala mal dos filhos, mas tive oportunidade de falar com o próprio António Lobo Antunes, já depois de ter lido a obra, e ele disse que nada tinha ficado surpreendido por eu ter gostado, demonstrando que também ele sente agrado com o resultado.
Eu acho que se trata de um estudo intenso sobre uma noite de insónias onde ninguém consegue dormir, o tempo custa a passar e a noite parece não ter fim.
Estas obras nunca são fáceis de pegar! Nunca leio um livro deste autor com a presunção de conseguir absorver todo o seu conteúdo. É muito sumo para o copo! Talvez aí esteja parte da magia. Ler e deambular pela leitura até onde ela me quiser levar... Por outras palavras, viajar na maionese.
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