segunda-feira, 7 de maio de 2012

Vieram como andorinhas - William Maxwell

De vez em quando sabe-me bem chegar à estante de livros e escolher um livro do qual pouco ou nada sei. Apenas porque me apetece!
Vieram como andorinhas foi um desses casos. Já tinha ouvido falar de William Maxwell uma vez ou outra, mas nunca de nenhuma obra em concreto, nem tão pouco de qual o seu género literário.

Nesta obra, Maxwell revela-se um autor de afectos. No seio de uma família burguesa americana, no rescaldo da primeira guerra mundial, o autor transporta-nos para os para os problemas do dia a dia da família Morison, numa fase particularmente difícil em que os americanos se deparam com o flagelo da gripe espanhola que matou milhões de pessoas.

Dividido em três partes, Maxwell começa por colocar o leitor sob os olhos de Bunny, o filho mais novos dos Morison. Bunny é uma criança com oito anos que facilmente se deixa encantar por qualquer objecto desde que esteja na companhia da sua mãe. O amor que tem por ela é interminável e isso faz com que esteja sempre ávido de carinho e atenção.
O irmão mais velho de Bunny, Robert, é o narrador da segunda parte do livro. Robert é um jovem pré-adolescente, vítima de uma infância que lhe deixou marcas profundas pois sofreu um acidente em que ficou com uma perna amputada.
A terceira e última parte da obra é apresentada pelo pai, James Morison.

A mudança de perspectiva que os diversos narradores nos proporciona, faculta uma melhor percepção sobre os pontos de vista de cada uma delas. Aos olhos de Bunny, Robert aparece como um irmão mais velho intolerante, prepotente e com pouco tempo para brincar consigo. Quando passamos para o ponto de vista de Robert percebemos que afinal as coisas não são bem assim e somos levados a compreender os seus motivos e a sua personalidade. A simplicidade com que nos entrosamos com estas personagens sem que sejam feitas descrições exaustivas é talvez o ponto forte de Maxwell nesta obra.

A determinada altura, este livro permitiu-me também fazer uma pequena viagem ao passado quando o pequeno Bunny foi comprar 250gr de manteiga, que nessa altura se vendia avulso. Não que me lembre de ver a manteiga ser vendida assim, mas lembro-me perfeitamente do café, do grão de bico, do feijão frade, da marmelada, etc. Gosto quando os livros me permitem viajar sem sair do sofá e, de certa forma foi o que aconteceu. Terei feito companhia às andorinhas?

Págs. 128
Ref. ISBN: 978-972-0-07142-2
Editora: Sextante Editora

4 comentários:

kikasbijou disse...

ola!!!!!

adorei o teu blog e por isso ja sou membro! sera que podias
fazer uma visitinha ao meu e aderires? obrigado ;-) bjs grandes

Marco Caetano disse...

Obrigado pela visita.
Volta sempre! ;)

josépacheco disse...

Gosto muito da sua crítica, Marco. Mas não tenho a certeza de que Bunny seja o narrador da primeira parte, ou Robert o da segunda, e o pai o da terceira. Parece-me que não são nunca eles os "narradores" (mas tenho de reler, posso estar enganado...), embora esteja perfeitamente de acordo que é à luz de cada um destes pontos de vista que cada uma das partes é escrita. O que, aliás, ainda me parece mais difícil e interessante do que se cada um deles fosse o narrador de uma parte...

Marco Caetano disse...

Caro José Pacheco,

Obrigado pela visita e também pelas suas palavras.
Penso que a minha interpretação estará correcta, pois caso não esteja, será sinal de que não percebi nada da obra. Uma breve pesquisa na internet permitiu-me concluir que outras pessoas também interpretaram assim.
Se tiver oportunidade releia a obra. Gostaria de saber a que conclusão chegaria...