terça-feira, 14 de abril de 2009

A Viagem do Elefante - José Saramago

Pensei que esta viagem nunca mais acabava!!!

A Viagem do Elefante foi para mim uma desagradável surpresa. Não sei se elevei demasiado a fasquia quando li o "Ensaio Sobre a Cegueira", o qual considero um dos melhores, senão o melhor livro que já li. Porém quero acreditar que não. Prefiro acreditar que Saramago não é este escritor do Elefante mas sim esse do Ensaio.

Diria que a história é fraca! Mas não será demasiada pretensão minha avaliar assim a obra de um Nobel? Bom, na verdade este é o meu blog e foi para exprimir a minha opinião sobre o que leio que o criei. Assim sendo aqui vai ela e como sempre, vale o que vale por ser sincera.

Tudo começa quando o rei D. João III se lembra que a prenda de casamento que deu algum tempo antes ao seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, não terá sido tão boa como deveria. Para colmatar essa falha nada melhor do que oferecer um elefante indiano que está em Lisboa há já algum tempo e cuja única coisa que faz é comer, e muito!

É a então a viagem deste animal entre Lisboa e Áustria que é relatada neste livro. Penso que o relato feito se divide em dois estilos completamente diferentes, que podem eventualmente ser diferentes estados de espírito do autor, já que como é sabido esta obra foi escrita em condições de saúde bastante debilitadas.

Diria então que a primeira parte do livro será a viagem até Valhadolid e a segunda parte, a ligação até Viena. Na primeira parte é dado ênfase à descrição da viagem como todos os seus pormenores, sendo que na segunda parte se verifica uma maior tendência para a sátira e para a ironia.

O ateu confessado que é José Saramago deixa-se perceber perfeitamente na segunda parte do livro, com um olhar bastante interessante sobre a condição humana. Apesar de não concordar na integra com este olhar, foi ainda assim a parte do livro que mais gostei.

Do elefante propriamente dito a melhor palavra que encontro vem do inglês: "boring"!!!

Págs. 258
Ref. ISBN: 978-972-21-2017-3
Editora: Editorial Caminho

6 comentários:

Victor disse...

Olá Marco!

Me chamou a atenção quando questionou-se se deveria criticar este livro do Saramago - já que ele é um dos ganhadores do Nobel. Te digo que sou adepto à crítica - desde que se tenha fundamentos -, seja do ganhador do prêmio Nobel ou não. Mas é uma pena que a sua leitura não tenha sido tão boa. Pelo menos o livro tem um bom título, não acha? Me limito a dizer isso, pois ainda não li. Ainda sim pretendo faze-lo! E já que também falamos sobre o Nobel de literatura, você poderia postar um comentario sobre algum título de Gabriel Garcia Marquez. Vi que ainda não o tem na lista. Não precisaria ser Cem Anos de Solidão - apenas a sua leitura é suficiente. Recomendaria Crônica de uma morte anunciada, por exemplo - final surpreendente, mesmo que anunciado! É isso ai, tenho acompanhado o seu blog. Faço isso pela escolha dos seus autores! Bom gosto!

Abraços

Marco Caetano disse...

Olá Victor.

Obrigado pela sua visita também pelas amáveis palavras sobre o meu blog.
Realmente, numa coisa concordo consigo, o titulo está adequado ao livro.
Quanto à sua sugestão, a qual desde já agradeço. Vou colocar na minha lista de aquisições, que já está bem grandinha :))
O que vale está a chegar a feira do livro de Lisboa!!!

Andrea disse...

Olá, Marco.

Ainda não li esse livro de Saramago, mas na época do lançamento foi comentado que esse livro era diferente dos demais, mais leve. Eu também li Ensaio, e por ser tão marcante, estou esperando um pouco para ler o próximo dele (História do cerco de Lisboa).
Parabéns pelo blog

Andrea
http://literamandoliteraturando.blogspot.com

Marco Caetano disse...

Olá Andrea!,

Obrigado pela visita.

Continuação de boas leituras.

Marco

O Crítico disse...

Olá,

Gostei de ler esta opinião, por a achar sincera e diferente da minha. Também já li o Ensaio sobre a Cegueira e, sim, por um lado concordo: é um livro mais estimulante.
No entanto, gosto de ler Saramago sobretudo na ficção histórica, pelo que este romance me agradou bastante. É um pouco monótono, não digo que não, mas pareceu-me mais próximo do leitor, mais simbólico e mais emotivo. É um livro diferente, pronto.
Mas Saramago é mesmo assim: ora nos agrada, ora nos espanta.

Aconselho a leitura de outras obras. Como apreciador do Ensaio, certamente gostará de outras histórias.

Boas Leituras!

Marco Caetano disse...

De facto é bonito como duas opiniões feitas sobre o mesom livro podem ser tão distintas.

O poder dos livros é este mesmo, despoletar emoções tão distintas em dois leitores.

Como apreciador do Ensaio e não tanto desta viagem, quais as letras do Saramago que me aconselharia?