Crime e Castigo pode não ser o melhor livro de sempre, mas é incontornável que se trata de uma obra de referência e por isso mesmo de leitura obrigatória.
Raskólnikov é um jovem que, para dar seguimento à sua vida académica, foi viver para São Petersburgo. Órfão de pai, é com a ajuda da mãe e da irmã que vai subsistindo. Apesar disso, a sua vida não é fácil. O mau humor aliado ao mau temperamento passam a ser uma constante, aliando ainda a sua falta de disponibilidade para fazer amigos, o resultado é o abandono dos estudos.
Dedica-se então a deambular pelas ruas, a pensar na vida e nos grandes ícones da história (como por exemplo Napoleão), revoltando-se com o mundo que o rodeia. "Os fins justificam os meios" é algo que parece dominar-lhe as ideias. Muitos são os dilemas com que a sua mente se debate, muitas as dores de cabeça e a consequência é o desleixo na sua imagem parecendo um mendigo. Em boa verdade apenas fala com Nastássia e Razumíkhin, uma criada do prédio que habita e um ex-colega de faculdade.
Estas pequenas linhas, naturalmente não chegam para o descrever, porque é uma personagem muito mais complexa capaz de pensar o mal, mas também, quando menos se espera, capaz de ser solidário ao ponto de entregar todo o seu dinheiro a uma desconhecida em apuros, achando-se com capacidade para organizar o mundo à sua maneira.
Conforme o titulo do livro propõe, haverá um crime ao qual Raskólnikov está associado. A morte de uma velha agiota e de sua irmã, vitimas de assassinato, é o colocar em prática desse plano pensado ao mais pequeno pormenor até ao momento de o pôr em prática. Mas a vida é cheia de surpresas e nem tudo aconteceu conforme planeado. Raskólnikov, sente-se fraco, delira, recupera, torna a delirar. Começou o castigo.
A qualidade da descrição de uma personagem que já tinha lido em O Jogador, é aqui ainda muito mais evidente. Dostoiévski tem a capacidade de entrar na mente das suas personagens de uma forma que está alcance de muito poucos. É esse para mim um dos grandes pontos altos da sua escrita.
Com Raskólnikov este trabalho é primoroso. A forma como descreve os momentos em que o seu personagem luta contra os seus dilemas sozinho, quando reencontra a família ou nos interrogatórios de polícia é sublime. Numa palavra: "apaixonante".
Quando voltar ao autor, gostaria de ler O Idiota, por isso se me quiserem oferecer uma prenda...
Por último uma breve,mas justa, referência para a excelente tradução da obra. Acho que está muito bem escrito e por isso mesmo não queria deixar passar em branco.
Termino este post da forma como comecei: Leitura Obrigatória.
Págs. 510
Ref. ISBN: 978-972-23-2722-0Estas pequenas linhas, naturalmente não chegam para o descrever, porque é uma personagem muito mais complexa capaz de pensar o mal, mas também, quando menos se espera, capaz de ser solidário ao ponto de entregar todo o seu dinheiro a uma desconhecida em apuros, achando-se com capacidade para organizar o mundo à sua maneira.
Conforme o titulo do livro propõe, haverá um crime ao qual Raskólnikov está associado. A morte de uma velha agiota e de sua irmã, vitimas de assassinato, é o colocar em prática desse plano pensado ao mais pequeno pormenor até ao momento de o pôr em prática. Mas a vida é cheia de surpresas e nem tudo aconteceu conforme planeado. Raskólnikov, sente-se fraco, delira, recupera, torna a delirar. Começou o castigo.
A qualidade da descrição de uma personagem que já tinha lido em O Jogador, é aqui ainda muito mais evidente. Dostoiévski tem a capacidade de entrar na mente das suas personagens de uma forma que está alcance de muito poucos. É esse para mim um dos grandes pontos altos da sua escrita.
Com Raskólnikov este trabalho é primoroso. A forma como descreve os momentos em que o seu personagem luta contra os seus dilemas sozinho, quando reencontra a família ou nos interrogatórios de polícia é sublime. Numa palavra: "apaixonante".
Quando voltar ao autor, gostaria de ler O Idiota, por isso se me quiserem oferecer uma prenda...
Por último uma breve,mas justa, referência para a excelente tradução da obra. Acho que está muito bem escrito e por isso mesmo não queria deixar passar em branco.
Termino este post da forma como comecei: Leitura Obrigatória.
Págs. 510
Editora: Editorial Presença
5 comentários:
Quando li este livro, senti que havia uma certa crítica a Napoleão. Pois o personagem principal, quando pensa no crime que quer cometer compara-se sempre a Napoleão, como aquele que matou e ficou impune! Afinal, Napoleão entrou na Rússia e matou matou matou e ainda teve algum mérito (muito até) na História apesar de ter saído da Rússia derrotado.
Esta crítica também é bem evidente na obra de Lev Tolstói "Guerra e Paz"
Se há livros que devemos de ler na vida, este é um dos eleitos. Está presente todo o talento de Dostoiévski. O lado mais sombrio da personagem principal, é uma das características da Filosofia do séclo XIX. Recomendo outra das genialidades dele, O Duplo, onde está mais que presente a capacidade do Dostoiévski em explorar a mente humana.
Olá João!
Obrigado pela visita e pela sugestão.
Dostoiévski será certamente para repetir. O Duplo, porque não?
Eu estou a ler "O idiota", não ao ritmo de que gostaria, mas algo devagar... é excelente. Quanto ao "Crime e castigo", é sem dúvida um dos livros da minha dúvida. Lembro-me perfeitamente que o li num Verão muito quente, num momento em que me sentia algo "down" e o livro fez maravilhas!
O Idiota, a par dos Irmãos Karamázov são as obras que gostaria agora de ler deste Senhor da Literatura!
Este Crime e Castigo é de facto muito intenso.
É fantástico o que um livro pode despertar em nós!
Obrigado pela visita!
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