segunda-feira, 4 de julho de 2011

Berlim Alexander-Platz - Alfred Döblin

Gosto de passar algum tempo na Internet à procura de novidades literárias e de recensões sobre livros de que não possuo grande informação. Foi numa dessas pesquisas que descobri que este "Berlim Alexander-Platz". Constava numa listagem dos 100 livros mais importantes de sempre. Li a sinopse e desde logo despertei interesse pela obra.

Aliado a este interesse poderá estar o facto de nutrir algum interesse na história da Alemanha do século passado. Assim, Berlim Alexander-Platz não revela apenas a história de Franz Biberkopf, mas também toda a conjuntura da grande cidade que já era Berlim no final dos anos 20.

No que respeita a Franz Biberkopf, trata-se de um homem robusto que durante algum tempo foi trabalhador dos cimentos e mais tarde arrumador de mobílias. A vida nem sempre lhe correu bem, cumpriu pena na prisão de Tegel por ter morto uma antiga namorada, da qual fez prostituta, e é precisamente quando abandona este estabelecimento prisional se inicia este livro. Franz pretende reconciliar-se com a vida, ser uma pessoa honesta e até certa altura consegue-o, mas mais uma vez a vida se encarrega de lhe mostrar que não basta querer.

Alfred Döblin tem nesta obra um trabalho notável e disso parece não haver dúvidas. A forma como descreve a cidade, as suas movimentações, os seus meandros, mostram a qualidade do narrador de uma forma que não se limita a ser descritiva. O enquadramento de uma taberna pode ser feito através de diálogos entre duas personagens que podem nada ter a ver com o resto da história. A facilidade com que muda de cenários faz algumas vezes lembrar António Lobo Antunes, transportando-nos de uma cena de assassínio real para o matadouro da cidade.

A condição humana da personagem também é exemplarmente explorada. Os diversos estados de espírito pelos quais a personagem vai passando proporcionam ao leitor momentos de alegria ou de ansiedade tal é a entrega da narrativa.

Ainda assim, devo alertar que a leitura desta obra nem sempre é fácil. Há alturas em que flui de forma normal, mas em contraste, há alturas em que densifica e pareceu-me que estava a patinar. É portanto uma bela obra para quem gosta de ler. Se está a iniciar-se na leitura, a minha sugestão é: escolha outra...

Págs. 592
Ref. ISBN: 978-972-20-4033-4
Editora: Publicações Dom Quixote

2 comentários:

Anónimo disse...

melhor livro de Alfred Doblin

Marco Caetano disse...

O único com expressão!