"D. Amélia" de Isabel Stilwell foi a obra escolhida, este ano, para me acompanhar durante alguns dias de férias. Depois de uma obra densa, como se revelou Berlim Alexander-Platz, procurava uma leitura mais descontraída, mas provida de interesse. Desde que li 1808, de Laurentino Gomes, que não lia um romance histórico e vontade já não faltava!
Tive a oportunidade de visitar o Palácio de Belém, na companhia da autora, aquando do lançamento desta obra, tendo ficado bastante entusiasmado com a história. Assim, não foi difícil escolher a obra que queria ler dentro deste género.
D. Amélia foi a última Rainha de Portugal e constitui, sem dúvida, uma personagem encantadora. Isabel Stilwell traz até nós a história de uma pessoa com qualidades inegáveis, a quem a vida, apesar de ter tornado Rainha, não facilitou nada em muitos momentos.
Filha do Conde Paris, foi em Inglaterra que nasceu devido ao exílio a que pai esteve sujeito. Com seis anos regressou a França, altura em que começa este livro, e lá viveu feliz a sua adolescência. Sendo a filha mais velha, desde cedo aprendeu o que é viver em monarquia e o dever de servir o povo.
"La grande", conforme era conhecida devido à sua estatura elevada, veio a casar com D. Carlos de Bragança, Duque da Beira e posteriormente El-Rei D. Carlos I de Portugal. Um casamento por amor como sempre sonhara. Os primeiros anos de casamento correram bastante bem. Engravidou por três vezes: Luís Filipe foi o primeiro filho a nascer, seguiu-se Maria Ana que faleceu à nascença e por último viria Manuel. Apesar de continuar a amar o marido, a sua relação foi arrefecendo dadas as inúmeras traições de amor de que foi vitima e também devido ao descontentamento sobre como o Rei regia o país.
O resto da história é sobejamente conhecido, falo do regicídio no Terreiro do Paço. Perdeu o marido e o filho mais velho de uma só vez, num fatídico dia do ano 1908. Seguiu-se a ascensão ao trono do Rei de D. Manuel II que mal teve tempo de aquecer o lugar, já em 5 de Outubro de 1910 se deu a implantação da República. O destino foi mais uma vez o exílio para Inglaterra onde acabaria por morrer, mas não sem antes ver morrer o outro filho.
Bem sei que este tipo de livros são romanceados, mas existência de vários documentos originais ao longo da obra, bem como o fiel encadeamento dos factos atribuem ao livro emoção, tornando-se por vezes viciante.
Gostei de passear entre o Palácio de Belém e o Palácio das Necessidades. Gostei das escapadinhas a Vila Viçosa, a Sintra ou a Cascais. Gostei da obra social desenvolvida pela Rainha. Enfim, gostei desta obra e por isso mesmo recomendo-a aos fãs do romance histórico. Por isso mesmo posso dizer que irei certamente ler os outros dois romances da autora: Filipa de Lencastre e Catarina de Bragança. Há ainda quem afirme que já se encontra um outro na forja. Qual será a personagem??
Págs. 554
Ref. ISBN: 978-989-626-207-5
Editora: Esfera dos Livros
Ref. ISBN: 978-989-626-207-5
Editora: Esfera dos Livros
4 comentários:
Tenho lá por casa este D. Amélia para ler. Gosto muito de romances históricos e sempre achei que com a história que Portugal tem não há razão para que haja tão poucos livros deste género - já vão aparecendo uns romances de época, mas acho sempre que lhes falta algo para poderem ser considerados romances históricos.
Boas leituras
Patrícia é de facto um tema muito apetecível e que a pouco e pouco tem vindo a ganhar o seu espaço no mercado.
Ganhamos todos nós!
As críticas a este livro têm sido muito positivas. Talvez leia em breve. Concordo com a Patrícia: temos muita História para contar, mas faltavam-nos bons contadores.
djamb,
Temos de facto História para contar, mas não concordo que nos faltem contadores.
Hoje mesmo estive num workshop em que muito se falou sobre romance histórico e é relativamente consensual que há entre nós bons escritores deste género.
Fiquei, por exemplo, com vontade de ler "Padre António Vieira e a Cultura Portuguesa" de Miguel Real. Conhece?
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