domingo, 27 de fevereiro de 2011

Marina - Carlos Ruiz Zafón

Ler "A Sombra do Vento", há alguns meses atrás, foi mais que suficiente para perceber que Zafón não é um autor qualquer. As suas obras poderão não ter os enredos de Kafka, as personagens de Dostoiévski ou descrições de Eça, ainda assim percebe-se que está claramente acima da média. "A Sombra do Vento" é uma obra de muito boa qualidade, sobre a qual tive já oportunidade de escrever AQUI no blogue. Hoje, quando reli o que tinha escrito, parafraseando Sérgio Godinho, soube-me a pouco! Muito mais haveria para dizer sobre aquela obra que deu a notoriedade a este escritor.

Mas hoje Pretendo falar de "Marina" e não de "A Sombra do Vento". Pretendo falar de Óscar Drai e não relembrar Daniel Sempere.

Li algures que "Marina" é o primeiro romance do autor destinado a adultos. Um fã, disse-me que apesar da escrita ser um pouco juvenil, estávamos perante uma excelente obra. Enfim, estava na hora de eu próprio poder formular a minha opinião.

Óscar Drai é um rapaz que vive num orfanato, algures na Barcelona do início dos anos 80. Uma Barcelona que, mais uma vez, nos é apresentada com tanto amor e carinho, que só é possível se feito quando se sente verdadeiramente o que se está a escrever.
Um dia Óscar sai um pouco do orfanato para deambular pelas ruas da cidade catalã. O destino leva-o junto de um casarão com ar abandonado que desde logo que prende a atenção. A curiosidade leva-o a entrar e tentar perceber se será ou não habitado. Um pequeno barulho assusta-o e fá-lo fugir sem se aperceber que leva na mão um pequeno relógio de ouro que tinha chamado a atenção. A sensação de ter trazido consigo algo que não pertencia fê-lo querer voltar ao casarão para devolver. É nessa altura que passa a conhecer os seus habitantes: Marina e seu pai Germán.
Marina é uma menina encantadora, bonita como nunca vira outra antes. É com a maior naturalidade que nasce entre ambos uma forte relação de amizade que os leva a querer estar sempre juntos. Germán assiste e apoia esta amizade. A mãe de Marina havia falecido pouco tempo depois do nascimento da filha, tendo ficado os dois a viver sempre juntos desde então.
Num dos muitos passeios que decidem fazer juntos, Marina decide levar Óscar a conhecer um cemitério semi-escondido onde outrora vira algo que lhe chamou a atenção. No mesmo dia do mês, uma dama vestida de negro e com a cara tapada com um capuz, visitava uma campa. A única campa que não possuía nome inscrito, possuindo em vez disso o desenho de uma borboleta negra.

A aventura do livro desenvolve-se em torno do interesse destes jovens em descobrir as razões para aquele estranho ritual. Qual o significado daquele símbolo?

Um bom exemplo de uma bela história de amizade, ou talvez amor, entre dois adolescentes que cedo são obrigados a perceber as amarguras da vida.

Após a leitura da obra, concordo que o enredo é um pouco juvenil com pequenos excessos de fantasía, mas não é certamente por isso que será desaconselhado ao leitor mais adulto. Pelo contrário, por vezes é muito bom e faz muito bem entrar noutros mundos.

Ao bom jeito de Zafón é uma leitura leve e viciante, fazendo deste um livro para se ler num pequeno instante, tal é a vontade de descobrir o seu fim.

Págs. 260
Ref. ISBN: 978-989-657-119-1
Editora: Planeta Manuscrito

9 comentários:

Nuno Chaves disse...

é de Facto um livro excelente, gostei imenso, parabens pelo seu post.
1 abraço.

Andrea disse...

Que ótima notícia saber que tem mais um livro do Zafón, espero que não demorem muito para publicarem no Brasil. Ao ler A Sombra do Vento me apaixonei e após o Jogo do Anjo o coloquei como um dos autores que não posso deixar de ler.

Abraços,
Andrea
http://literamandoliteraturando.blogspot.com/

Miro Teixeira disse...

Carlos Ruiz Zafón tornou-se recentemente um dos meus autores de eleição. Dele já li, "A Sombra do Vento", "O Jogo do Anjo" e agora "Marina", e de fato este homem parece amar esta Barcelona maravilhosa com uma paixão que nunca encontrei em nenhum outro autor. A par disso, envolve-nos completamente nos seus enredos e personagens. Apetece saber-lhes os passos sem parar. Um grande escritor.

Marco Caetano disse...

@Nuno,
Obrigado pelas suas palavras.
Um abraço.

@Andrea,
Este "Marina" apesar de ter sido o o último a ser publicado em Portugal, foi o primeiro dos três a ser escrito. Quem sabe não aparecerá em breve no Brasil.
Parabéns pelo seu blogue!

@Neomiro,
Concordo plenamente com o que diz. A sua forma de escrita é cativante. Ainda não li O Jogo do Anjo, mas já mora lá em casa um exemplar... É uma questão de tempo :)
Um abraço.

A minha biblioteca disse...

Bem recentemente li este livrinho e tenho que dizer que concordo plenamente com a tua opinião, da qual gostei muito :)

Boas leituras!

Unknown disse...

Olá
Também gostei bastante do Marina. Espero que ainda editem os Portugal os outros 3 livros juvenis do Zafón. Já li dois deles e dada a fraca qualidade do meu espanhol são mesmo indicados uma vez que são livros juvenis mas com a qualidade deste escritor.
E é engraço ver-se a evolução dos escritor e das histórias de que ele escreveu.
Boas leituras

Marco Caetano disse...

Patrícia,

Como se costuma dizer: Záfon, está muito lá!!

É um dos meus autores de top da actualidade. É aquele que aconselho sem grandes ressalvas.

Tenho tanto para ler, e tão pouco tempo para o fazer!!

Continuação de boas letras...

Moura Aveirense disse...

Gostei muito de "Marina", mas "A sombra do vento" é insuperável :)

Marco Caetano disse...

Moura,

A Sombra do Vento colocou Záfon num patamar bem alto. Não será fácil manter-se sempre nesse nível, mas no geral ele é muito bom!

Ainda tenho O jogo do Anjo por ler, mas a escolha é sempre tão difícil!!!